Faróis e farolins

Os Faróis são elos de ligação entre a terra e o mar. Verdadeiras sentinelas do MAR, companheiros luminosos de pescadores e marinheiros
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quinta-feira, 25 de maio de 2017


Santos, reis, princesas, mouras encantadas, castelos amaldiçoados, há um pouco de tudo no imaginário da cultura portuguesa.
Algumas lendas têm fundo de verdade, outras são pura fantasia… e há quem diga que outras são mesmo baseadas em acontecimentos verídicos.
As lendas são uma das mais fantásticas e genuínas tradições portuguesas.
Não sabemos se é verdade, mas sabemos que estas histórias perduraram no tempo, passadas de boca em boca, de geração em geração.

São Vicente é o mais célebre dos mártires hispânicos, o único que se encontra incorporado na liturgia da igreja universal.
O seu dia celebra-se a 22 de Janeiro.

São Vicente

Conta a lenda que, tendo nascido em Huesca, foi para Saragoça ainda criança.
Nessa região da Península Ibérica, então fazendo parte do Império Romano, acabou mais tarde por ser perseguido por édito do então Imperador Diocleciano que, na era de 303 D.C., ordenava a destruição total de templos e objectos de culto dos cristãos e a submissão de toda a população ao culto dos deuses romanos.
Terá então sido torturado até à morte, em 304 e o corpo atirado aos animais mas terá sido protegido por um corvo, impedindo-o de ser devorado.

É à volta de São Vicente que recolhemos uma dúzia de relatos, uns mais fantasiosos que outros, e que o trouxeram para o Promontório de São Vicente no Algarve e D. Afonso Henriques o levou para Lisboa e o faz o patrono da cidade.

Huesca, Saraçoça, Valência, Cabo de São Vicente, Lisboa são os vértices de um culto que se difundiu por centenas de outras povoações, igrejas e altares que têm o Santo como patrono

Painel de São Vicente de Fora (autor Nuno Gonçalves 1450-1491)





Lenda dos Corvos de São Vicente

No tempo da ocupação da Península Ibérica pelos mouros, estes ordenaram que todas as igrejas fossem convertidas em mesquitas muçulmanas. Os cristãos de Valência quiseram pôr a salvo o corpo do mártir São Vicente, que estava guardado numa igreja, levando-o para tal por mar para as Astúrias, então a única região cristã da península. 

Como as águas estavam turbulentas, foram forçados a aproximar-se da costa. Por essa altura, perguntaram ao mestre da embarcação que terra tão bonita era aquela, ao que ele respondeu que era o Algarve.
Pouco depois o barco encalhou e forçou-os a passar a noite naquele lugar.

Na manhã seguinte, quando se preparavam para retomar viagem, avistaram um navio pirata. O mestre da embarcação propôs-lhes afastar-se com o navio para evitar a abordagem dos corsários, enquanto os cristãos se escondiam na praia com a sua relíquia. Depois viria buscá-los. 

O barco, no entanto, nunca mais voltou e os cristãos ficaram naquele lugar. Ali construíram um templo em memória de São Vicente e formaram uma pequena aldeia à sua volta. Entretanto, D. Afonso Henriques entrou em guerra com os mouros do Algarve, e estes, por vingança, arrasaram a aldeia dos cristãos de São Vicente e levaram-nos cativos. 

Passados muitos anos, D. Afonso Henriques foi avisado de que existiam vários cristãos entre os prisioneiros feitos numa batalha contra os Mouros. Chamados à presença do rei, um deles, já muito velho, contou-lhe a sua história e confidenciou-lhe que tinham enterrado o corpo de São Vicente num local secreto. Pedia ao rei que resgatasse o corpo do mártir para um local seguro. 

D. Afonso Henriques resolveu viajar com o cristão a caminho de São Vicente, mas este morreu durante a viagem. Sem saber o local exacto onde estava o santo, D. Afonso Henriques aproximou-se das ruínas do antigo templo. Avistou então um bando de corvos que sobrevoavam um certo lugar. Os seus homens aí escavaram e encontraram o sepulcro de São Vicente, escondido na rocha. 

Trouxeram o corpo de São Vicente de barco para Lisboa e durante toda a viagem foram acompanhados por dois corvos, cuja imagem ainda hoje figura nas armas de Lisboa em testemunho desta história extraordinária.




Lenda São Vicente



Os Mouros da Península Ibérica ordenaram que todas as igrejas fossem convertidas em mesquitas, mas os cristãos de Valência conseguiram fugir para pôr a salvo o corpo do mártir São Vicente.
Levaram o corpo de barco e desembarcaram no Algarve, onde construíram uma igreja, mas acabaram por ser apanhados pelos mouros.
Só 50 anos mais tarde é que Dom Afonso Henriques soube o que tinha acontecido e decidiu resgatar o corpo do mártir.
Foi graças a um bando de corvos que conseguiu encontrar o local onde o corpo estava enterrado e dois desses corvos fizeram-lhes companhia durante toda a viagem até Lisboa.
É por isso que as armas de Lisboa têm dois corvos representados.





São Vicente, o padroeiro esquecido de Lisboa

Apesar de ser o santo patrono da diocese de Lisboa, o mártir Vicente vive hoje na sombra do mais popular Santo António.

A devoção das gentes da península ibérica a São Vicente é muito antiga. O mártir era originário de Saragoça, onde foi ordenado diácono no século III. Numa das perseguições aos cristãos, tão habituais nessa altura, foi aprisionado e sujeito a terríveis torturas, resistindo sempre com grandes demonstrações de fé. 

A ligação aos corvos, ainda um elemento sempre presente na iconografia, começa com a sua morte, no ano 304, às mãos do governador Daciano, na era do imperador Diocleciano. Lançado aos abutres, o seu cadáver foi protegido por um corvo. Então Daciano mandou lançá-lo ao mar, mas as marés trouxeram-no de volta e uma viúva piedosa sepultou-o junto aos muros da cidade de Valência. 

A chegada ao território português dá-se séculos mais tarde, já o seu culto se tinha tornado muito popular em toda a região ibérica, muito por influência de sermões escritos sobre ele por Santo Agostinho. 

Quando os mouros mandaram transformar todas as igrejas em mesquitas os cristãos de Valência quiseram salvar as relíquias de São Vicente, por cima das quais tinha sido construída uma capela.



Embarcaram em direcção ao Algarve, tendo acabado por naufragar no Promontório Sacro, hoje o Cabo de São Vicente. Ali o cadáver foi novamente enterrado, erguendo-se uma igreja e uma aldeia cristã à sua volta. 

Crispim, o primeiro padroeiro 

Em 1147 D. Afonso Henriques toma a cidade de Lisboa, no dia de São Crispim. A data levou a que São Crispim fosse declarado padroeiro da cidade. Contudo, a devoção a São Vicente já era generalizada, especialmente entre os cristãos moçárabes, que convenceram D. Afonso Henriques a encontrar e trazer para a capital as suas relíquias. 

O actual Deão do Cabido da Sé de Lisboa, Cónego Manuel Alves Lourenço, explica que “O facto de haver relíquias, enquanto de São Crispim só havia a memória, fez com que o São Vicente superasse e fizesse esquecer na prática São Crispim, embora até D. Afonso V se continue a chamar atenção, fazer a procissão, mas foi-se perdendo e ficou São Vicente, naturalmente, padroeiro da cidade e da diocese de Lisboa.” 

Eis que, logo no século seguinte, aparece o Santo António. Embora tenha morrido em Itália, foi com naturalidade que em Lisboa, a cidade onde nasceu, crescesse a devoção a este santo, verdadeiramente popular, em todos os sentidos da palavra: “O nosso Santo António é um fenómeno de devoção mundial. Vamos a qualquer parte do mundo e encontramos uma imagem de Santo António”, explica o Cónego Lourenço. 


Esta reacção popular levou a que os dois santos partilhassem, durante alguns tempos, a responsabilidade de proteger a cidade: “Então ficaram os dois, Santo António com um cariz mais popular e São Vicente com um cariz mais aristocrático. Mantiveram-se assim as duas celebrações. Quando a Igreja determinou, mais recentemente, que só houvesse um padroeiro principal, então aqui na diocese optou-se por manter, na Cidade de Lisboa o Santo António, e para a diocese, São Vicente. É uma norma de ordem litúrgica, porque na prática a Câmara Municipal ficou sempre ligada a São Vicente, que está nas armas da cidade, e o presidente da Câmara costuma ir à Sé no dia de São Vicente, da mesma forma que, desde que se restaurou, costuma também ir à procissão de Santo António”, explica o Deão do Cabido da Sé. 


RFM Online

publicado por Re-ligare às 16:57
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1 comentário:
De salvador raga a 22 de Maio de 2012 às 18:36
Estamos trabajando dos webs que creemos interesantes sobre San Vicente. Uno es un Completo blog que recoge multitud de aspectos históricos , artísticos , legendarios y espirituales sobre San Vicente Mártir como gran santo de la Hispania romana del S.IV , desarrollado por Via Vicentius.

El otro describe el Camino histórico de Roda de Isábena a Valencia que rememora los pasos de San Vicente Mártir , patrón de Valencia, cuando en el siglo IV fue apresado en Zaragoza junto al Obispo Valero por los soldados romanos enviados por el Cónsul Daciano y trasladado a Valencia para sufrir martirio ante la negativa a renunciar a su fe. Así la difusión del conocimiento de este hecho provocó en los siglos siguientes una corriente de peregrinaciones desde toda Europa hasta Valencia para visitar los restos del mártir en San Vicente de la Roqueta , convirtiéndose este fenómeno en algo muy anterior a las peregrinaciones medievales a Santiago de Compostela, desarrollado por Via Vicentius.



São Vicente, padroeiro de Lisboa
publicado por António Gonçalves | Domingo, 22 Janeiro , 2017, 18:10
Hoje, 22 de janeiro, é o dia do verdadeiro padroeiro de Lisboa: São Vicente. Conta a lenda que, tendo nascido em Huesca, foi para Saragoça ainda criança. Nessa região da Península Ibérica, então fazendo parte do Império Romano, acabou mais tarde por ser perseguido por édito do então Imperador Diocleciano que, na era de 303 D.C., ordenava a destruição total de templos e objetos de culto dos cristãos e a submissão de toda a população ao culto dos deuses romanos. Terá então sido torturado até à morte, em 304. O corpo terá sido atirado aos animais mas terá sido protegido por um corvo, impedindo-o de ser devorado. Passou então a ser considerado como Santo. Depois da ocupação da Península pelos Muçulmanos, o corpo terá sido colocado num barco e deixado à deriva. Os restos mortais terão chegado ao promontório de Sagres (hoje denominado de Cabo de São Vicente). Pelos cristão que aí viviam, o culto propagou-se por todo o território no que viria a ser o futuro reino de Portugal. Em 1173, as relíquias foram transladadas para uma igreja fora das muralhas de Lisboa, por ordem de D. Afonso Henriques. Ainda de acordo com a lenda, dois corvos acompanharam o barco que transportava os restos mortais, pelo que hoje figuram no brasão da cidade. Foi a partir de então que São Vicente passou a ser o padroeiro de Lisboa, "sucedendo" a São Crispim, que D. Afonso Henriques tinha declarado padroeiro em 1147, em honra do facto de a cidade ter sido tomada aos mouros nessa data. A título de curiosidade, diga-se que São Crispim é o padroeiro dos sapateiros, profissão digna e tão nobre quanto já o era naquela época.
Apenas como uma singela e humilde evocação, aqui fica um registo fotográfico das duas torres sineiras da igreja de São Vicente de Fora (já antes tinha explicado o porquê do "de Fora"), feito em 4 de agosto de 2015.

O Mosteiro, na sua construção atual, foi mandado erigir por D. Filipe II de Espanha (I de Portugal) e situa-se no local onde antes se encontrava o primitivo mosteiro mandado erigir por D. Afonso Henriques, em cumprimento do voto dirigido a São Vicente pelo êxito da conquista da cidade de Lisboa em 1147. 
Ficava então situado fora das muralhas da cidade, o que justifica o topónimo de Fora.

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ver este texto

https://www.publico.pt/2004/06/06/jornal/sao-vicente-o-santo-impopular-189290

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magens são vicente
http://www.snpcultura.org/sao_vicente.html
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outro texto
https://expressodooriente.com/padroeiro-de-lisboa-santo-antonio-ou-sao-vicente/
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video Paineis de São Vicente

https://youtu.be/ie3VtjJiP6M

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https://youtu.be/BJPWz5ztz1Q

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Lenda de São Vicente

http://quintadasalagoas.com/regiao/historia/the-igreja-do-corvo-the-cult-and-the-legend-of-s-vicente/

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lenda na parte final do texto

http://quintadasalagoas.com/regiao/historia/the-end-of-the-roman-empire-the-martyrdom-of-s-vicente-and-the-beginning-of-the-muslim-occupation/

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promontório sacro

http://83.240.184.26/drupal/?q=pt-pt/node/132
....
Um dos símbolos da capital portuguesa são os corvos. Ao passearmos pelas ruas de Lisboa encontramos muitas vezes, quer em iluminação, quer em calçada, e até mesmo na bandeira, a alusão a uma barca e a corvos. Mas porquê falar destes corvos? Porque aparecem tantas vezes? Porque se tornaram num símbolo da capital?
Olhando para o emblema e bandeira da cidade capital de Portugal, Lisboa, salta-nos à vista os corvos nela desenhados. Isto está relacionado directamente com o verdadeiro padroeiro da cidade, S. Vicente, e com a sua História de mártir. Segundo a obra "Santos e milagres na Idade Média em Portugal", do autor Paulo Alberto, decorria o século IV, na época do imperador Diocleciano, quando o governador de Valência, Publius Dacianus, teria martirizado o bispo de Saragoça, o diácono Vicente.
Depois de matar o bispo, abandonou-o em espaço aberto para ser consumido pelos animais. Entretanto surgiu a lenda de que o corpo havia depois de largado sido guardado por um anjo sob a forma de um corvo, que ali permaneceu, afastando os restantes animais.
Depois de saber desta história o governador ordenou que recolhessem o corpo de Vicente e mais tarde o lançassem ao mar. Mas, uma vez mais, esta ordem não teve o efeito desejado, visto o corpo ter voltado a dar à costa. Os cristãos, ao darem com o corpo, decidiram em segredo sepultar o diácono ali junto ao mar.
Quatro séculos se haviam passado e durante as invasões muçulmanas, com quase todos os vestígios cristãos a serem destruídos, eis que os sobreviventes optaram por proteger os restos mortais do antigo bispo, levando-os de terra em terra até chegarem ao Algarve, mais concretamente ao "Promontório dos Corvos", actual cabo de S. Vicente.
Foi, no entanto, aquando da conquistas de Lisboa por D. Afonso Henriques, e quando este soube da história do "santo", que ordenou que as relíquias fossem trasladadas para a Igreja de Santa Justa, em Lisboa, e mais tarde, com o terramoto de 1755, transferidas para a Sé Catedral, tornando São Vicente no santo padroeiro de Lisboa. Durante o transporte dos restos mortais do santo, do Algarve para Lisboa, estes foram sempre acompanhados por dois corvos a sobrevoar a caminhada, sendo que descendentes destes corvos ficaram até meados do século XVIII a viver numa das torres da Sé.
Está então explicada a história dos corvos e a sua ligação a Lisboa, sem falar no misticismo envolvido pelo símbolo do corvo, ou seja, simbolizam "a viagem e transformação espiritual".Vicente.
Foi, no entanto, aquando da conquistas de Lisboa por D. Afonso Henriques, e quando este soube da história do "santo", que ordenou que as relíquias fossem trasladadas para a Igreja de Santa Justa, em Lisboa, e mais tarde, com o terramoto de 1755, transferidas para a Sé Catedral, tornando São Vicente no santo padroeiro de Lisboa. Durante o transporte dos restos mortais do santo, do Algarve para Lisboa, estes foram sempre acompanhados por dois corvos a sobrevoar a caminhada, sendo que descendentes destes corvos ficaram até meados do século XVIII a viver numa das torres da Sé.
Está então explicada a história dos corvos e a sua ligação a Lisboa, sem falar no misticismo envolvido pelo símbolo do corvo, ou seja, simbolizam "a viagem e transformação espiritual".
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Iluminura Livro das Horas D. Manuel  

Representação de São Vicente em iluminura do Livro de Horas de D. Manuel. Lisboa: Museu Nacional de Arte Antiga. Atenda-se à narrativa expressa no último plano da iluminura, onde os restos mortais do santo estão sendo recebidos em uma praia de abruptas arribas, sobre as quais se ergue imponente construção, talvez o convento de S. Vicente do Corvo. Mas não ficariam ainda por aqui os despojos de S. Vicente. A uma intervenção almorávida contra a igreja de S. Vicente do Corvo, seguir-se-á nova viagem das relíquias do santo para Lisboa por determinação de D. Afonso Henriques, após a conquista cristã de 1147.
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são Vicente e forte

Fig. 29A – Planta do forte e convento de S. Vicente. In Descrição do Reino do Algarve de Alexandre Massai, 1621 (Museu da Cidade de Lisboa).

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São vicente convento e forte
Fig. 29C – Fortaleza e convento de S. Vicente, em gravura do século XIX (O Panorama de 31 de Dezembro de 1842).




O vocábulo farol deriva da palavra grega Faros, nome da ilha próxima à cidade de Alexandria onde, no ano 280 a.C., foi erigido o...